Thales Emmanuel, militante da Organização Popular – OPA.
Um
companheiro nosso foi atuar em outra região. Novo local, novas pessoas, novos
desafios. Foi muito bem acolhido pelas comunidades e de pronto se jogou no
Trabalho de Base. Quando estive lá, o encontrei eufórico. Seu olhar tinha o
brilho do sol e encadeava quando se chegava mais perto. Suas palavras, ora
atropeladas, ora ofegantes de agitação, refletiam seu estado de ânimo. Quatro
meses desde a mudança e tudo andava maravilhosamente bem.
Ao
regressar, conversei com Jacinta Sousa, camarada de militância, e contei o que
vi:
“Ele está bem. Muito empolgado.
Bastantes coisas boas acontecendo por lá.”
Ela baixou a vista e silenciou reflexiva.
“O que foi? Não gostou da notícia? Que
mal há na empolgação do companheiro?”
“A militância deve ser animada mesmo,
mas tem que deixar uma reserva de motivação guardada, porque quando as
dificuldades chegam, ela precisa ter de onde puxar a energia para enfrentar os
problemas”, explicou.
Dito e feito! A euforia passou, os
problemas chegaram e o tanque secou rapidamente. O companheiro não aguentou e
saiu da região.
A
missão de construir o Poder Popular é como um carro numa longa estrada. O
veículo se encontra totalmente imerso na rodovia, no ambiente que atravessa,
assim como a militância deve estar plenamente entregue para a luta. Guardar
reserva de animação não é o mesmo que se doar por fatias. Assim como no
automóvel, a reserva nos serve de alerta, indica que precisamos de
reabastecimento. Sem contar que toda euforia é meteórica, combustível
adulterado.
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