terça-feira, 28 de novembro de 2023

A DEMOCRACIA DOS MENINOS DOS PÉS DE PAU


 

Equipe de Comunicação da 1° ODCC

 

            Numa das tantas manifestações de rua recentes em defesa da democracia, nos chamou atenção o olhar de uma criança, trepada no alto de um pé de pau. O menino devia ter uns 10 anos. Pobre, preto, favelado, carregava no corpo as marcas de um adultecimento forçado, certamente pelas dificuldades que cedo teve de enfrentar na vida. Chagas de um sobrevivente. Ele observava a multidão, que gritava “Viva a democracia!”, com expressão que parecia de total incompreensão do significado daquelas palavras.

            Muitos de nós lutamos e seguiremos lutando contra o fascismo e os fascistas. Mas, como compreender que lutar contra essas forças, sem, contudo, enfrentarmos os projetos do capital, é o mesmo que enxugar gelo?

            O fascismo é uma das expressões do capitalismo, que, por sua vez, é essencialmente autoritário, racista e machista. Ou não são genocidamente racistas as reformas da Previdência e Trabalhista? Quem são as pessoas diretamente atingidas quando os bancos sugam para eles grande parte do orçamento público? Quando não lutamos pela revogação, pela anulação de tais medidas, não há aí uma boa dosagem de conivência com o mal que pregamos combater? Que cor têm as famílias sem teto e sem o atendimento adequado de saúde que os impostos que pagamos deveriam nos proporcionar? Qual o gênero e o sexo de quem primeiro e mais sofre com a expulsão de comunidades inteiras, no litoral e no interior, para dar passagem aos megaprojetos dos capitalistas? Por que as pessoas atingidas não são consultadas se querem ou não esses projetos, se concordam ou não com sua implantação? Por que é que quem lucra, decide, mas o povo atingido é quem paga a conta?

            Há cerca de três anos, comunidades de todo o Ceará tentam uma audiência com o Governo Estadual. O objetivo é encaminhar soluções para os graves problemas sentidos. Já entregamos mais de uma carta descrevendo detalhadamente a situação e solicitando a bendita negociação, além de realizarmos uma série de lutas na tentativa de sermos atendidos, mas o que escutamos em resposta foi só enrolação. Promessas apalavradas, e não cumpridas. Sem nada encaminhado, as dificuldades se agravam, e algumas questões agora só podem ser resolvidas com a presença do Governo Federal.

            A 1° OCUPAÇÃO EM DEFESA DA CASA COMUM (ODCC) vem com essa dupla finalidade: denunciar os males causados pelos projetos dos capitalistas e anunciar, incluindo uma pauta de reivindicação, alternativas para um modo de vida humanamente sustentável.

            A 1° ODCC será uma caminhada, porque partiremos em marcha da Praça da Gentilândia, às 8 da manhã do dia 11 de dezembro; mas será também uma OCUPAÇÃO, porque só sairemos do local ocupado quando atendidos pelos governos estadual e federal.

A vida com dignidade é um direito inerente a qualquer ser humano habitante do planeta Terra, morador de nossa Casa Comum. Por isso, é imperativo para o povo enfrentar os bolsonarismos, mas igualmente lutar com toda a garra quando a “democracia” de uns poucos lhe fecha as portas.

            Não é difícil entender o que estamos falando. Basta enxergarmos os meninos-homem de olhares vagos no alto das árvores.


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quarta-feira, 22 de novembro de 2023

MORTE, HIPOCRISIA E ESPERANÇA: TUDO ESTÁ INTERLIGADO



 Equipe de Comunicação da 1° ODCC

 

          Entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro, representantes da cúpula dirigente do planeta se reunirão em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para mais uma Conferência de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU). É o 28° encontro do tipo. A primeira COP aconteceu em 1995, na Alemanha.

            O que esta conferência tem a ver com a morte da jovem Ana Clara, ocorrida em show recente no Rio de Janeiro, e com a 1° OCUPAÇÃO EM DEFESA DA CASA COMUM, que se realizará no Ceará, no dia 11 de dezembro?

            Estudante de psicologia em Rondonópolis, Mato Grosso, Ana Clara Benevides viajou pela primeira vez de avião para o Rio de Janeiro para assistir ao show de Taylor Swift, cantora de quem era fã desde princípios da adolescência. Seu pai, funcionário público, presenteou a única filha com a tão sonhada viagem.

          Segundo consta, Ana Clara passou mal já na segunda música do repertório, Cruel Summer (Verão Cruel, em tradução livre), e veio a óbito pouco depois. Exames detectaram pequenas hemorragias em seu pulmão. A delegada Juliana Almeida declarou que calor, insolação e desidratação são possíveis causas para as hemorragias. A sensação térmica no Rio de Janeiro no dia da fatalidade beirou os 60°. Além da morte, cerca de mil pessoas presentes na festa desmaiaram.

           Era proibido entrar com água no show – como no capitalismo em geral, privatizar para se obrigar a comprar.

 Dentro do estádio, um copinho custava tão caro, que se tornou algo acessível a apenas algumas pessoas – como no capitalismo em geral, os empobrecidos são os primeiros atingidos.

 Como no capitalismo em geral, o lucro vale mais do que a vida. E quanto mais calor, mais água vendida! O que parece acidente, é, na verdade, uma lógica de funcionamento social.

 Com dados extremamente modestos, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento aponta que, até o fim do século, aproximadamente 40 milhões de pessoas podem morrer no mundo em função das altas temperaturas causadas pelo aquecimento global.

 Não há mais como jogar para debaixo do tapete os problemas climáticos ocasionados pela destruição capitalista do planeta.  

 A própria COP 28 representa o estrondoso fracasso de 27 edições anteriores, já assumido, inclusive, por seus próprios idealizadores: “Praticamente nada saiu do papel”. Fala-se que uma das pautas centrais a discutir agora é justa e novamente as tais medidas para desacelerar o aquecimento global. Mas como crer nestas conferências, se os que comandam a destruição do planeta obedecem única e exclusivamente suas próprias leis?

 A verdade, em formato de desafio, está posta: ou as urgentes e vitais transformações que tanto precisamos vêm de baixo, da luta dos que sentem, ou não virão de maneira alguma.

Este é, precisamente, o motivo da 1° OCUPAÇÃO EM DEFESA DA CASA COMUM. A luta pela vida no planeta, antes que os capitalistas acabem com tudo.

            Informe-se. Participe! Tudo está interligado.




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segunda-feira, 13 de novembro de 2023

O METEORO



 Equipe de Comunicação da 1° Ocupação em Defesa da Casa Comum – ODCC

 

Vocês viram? Saiu em tudo que é TV! Um grande meteoro entrou em rota de colisão com a Terra! Os cientistas dizem que o impacto será mortal para a vida humana. A radioatividade da montanha espacial provocará cânceres. O calor do contato com o solo derreterá as calotas polares. Uma imensa nuvem de poeira se formará e a Amazônia virará rapidamente um deserto.

As fontes de água doce serão todas soterradas ou poluídas com o mortal veneno cósmico. Uma pandemia de depressão, provocada por uma onda de loucura extraterrestre, jogará todos contra todos. Cada pessoa só pensará em si mesma, e quem se preocupar com a coletividade será perseguido como perturbador da ordem. Uma verdadeira tragédia!

Ainda bem que, segundo os cientistas, há uma chance, somente uma. Eles dizem que precisamos nos unir para a construção de uma potente arma, que implodirá o meteoro antes dele implodir a gente. A tecnologia existe, mas, sem união e trabalho conjunto, nada que se faça servirá, porque o tempo é curto.

Você não assistiu na TV? Não acredita no que estamos dizendo?

Então pergunte aos 56 milhões de indígenas assassinados em um século de colonização. Às mães negras escravizadas que choraram quando seus filhos foram vendidos como propriedade de outro coronel. Pergunte a Chico Mendes, Irmã Dorothy, “perturbadores da ordem”. Pergunte se o tal meteoro é real ou ficção aos pedaços de gente espalhados entre os escombros de Gaza.

Vai lá, converse com as pessoas nas favelas, com os cinquenta mil jovens mortos por armas de fogo a cada ano no Brasil. Pergunte aos idosos que definharam de angústia até o falecimento, por conta da construção da Barragem Fronteiras, em Crateús. Às vítimas do câncer, lançado de avião pelo agronegócio na Chapada do Apodi. Pergunte... Pergunte... Não acredita? Pergunte!

No dia 11 de dezembro, a partir das 8 horas da manhã, saindo da Praça da Gentilândia, em Fortaleza, realizaremos a 1° OCUPAÇÃO EM DEFESA DA CASA COMUM. Vamos nos unir nesta luta, antes que o capitalismo acabe com tudo!

            Há uma chance. Somente uma.




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quinta-feira, 9 de novembro de 2023

1° OCUPAÇÃO EM DEFESA DA CASA COMUM

 



Equipe de Comunicação da 1° ODCC

 

A pandemia da covid-19 nos ensinou bastante. Quem esperava uma postura humanista dos capitalistas em meio a tanta dor e sofrimento, deu com a cara no muro. A transferência de um trilhão e duzentos bilhões de reais, de uma lapada só, dos cofres públicos para banqueiros, a aprovação de mais isenção total de impostos em produtos que assassinam o povo, como o agrotóxico, ocorreram descaradamente enquanto faltava respiradores mecânicos e leitos para quem agonizava por oxigênio.

A natureza e os povos oprimidos do planeta há tempos nos alertam: ou enfrentamos e mudamos a maneira de organizar a vida na sociedade, ou não haverá futuro para a espécie humana.

No Ceará não é diferente, os projetos dos capitalistas avançam sem trégua contra comunidades inteiras. Em Crateús, milhares de famílias estão sendo arrancadas de suas terras, suas histórias, sem seus direitos básicos assegurados, para a construção de uma grande barragem que acumulará água para empresas do agronegócio e para megamineradoras. Em Santa Quitéria, a extração de urânio atira canhões de radioatividade nas pessoas. Água e ar, elementos essenciais à vida, contaminados, levando morte matada bem além das fronteiras visíveis. E tudo feito com muito dinheiro público!

No litoral, grandes construtoras e hotéis invadem, ameaçam de morte e expulsam populações nativas, deixando-as sem eira nem beira. E as chamadas eólicas “offshore” vendem um discurso de “energia limpa” para esconder a destruição e a angústia que provocam em dezenas de milhares de vidas, que dependem da natureza livre para sobreviver. Os projetos, feitos a quatro paredes, entre governos e ricos capitalistas, não levam em consideração a participação popular. E ainda mentem, dizendo que o povo é contra a transição energética. Quando, na verdade, é justamente o contrário: “democracia” sem povo, ditadura do lucro!

Inúmeras cidades, do interior e do litoral, são tomadas por empreendimentos altamente destrutivos, como as fazendas de camarão, em Jaguaruana, que chupam a água do rio Jaguaribe e provocam crises hídricas severas. Governos incentivam os flagrantes crimes acenando com mais “facilitação” de licenças ambientais. O povo já não culpa São Pedro pela falta de água. Enxerga bem a origem de seus problemas e por isso começa a se organizar e a lutar.

Nas periferias da capital, fácil é condenar, difícil é se pôr no lugar. Famílias sem casas, juventude sem perspectiva de dignidade futura, balas perdidas que acertam sempre o mesmo alvo. Se o problema da droga é social e está presente em todas as classes, por que é que, quando fechamos os olhos e ouvimos as palavras “Política de Combate às Drogas”, a imagem que vem à cabeça é a de um jovem preto, pobre e favelado? Por que será?

O capitalismo está destruindo nossas vidas, nosso planeta, nossa Casa Comum! As alternativas que apontam para uma maneira de se relacionar e de organizar a sociedade de forma verdadeiramente sustentável existem aos bocados. A classe explorada e oprimida é muito boa nisso! Contudo, ao invés de incentivadas, são perseguidas, encarceradas, invisibilizadas, difamadas, assassinadas ou até mesmo alimentadas com restos de orçamento público para fins puramente eleitoreiros.

Não nos enganemos: Somos todas e todos impactados! Não nos sabotemos: Ou enfrentamos o problema em sua raiz ou só empurraremos para debaixo do tapete uma bomba, mais poderosas do que todo o arsenal nuclear do mundo junto, que implodirá em nossos colos, nos abraços de nossos filhos.

É por essas e outras que comunidades, organizações populares, movimentos sociais e entidades em geral realizarão nas próximas semanas, em Fortaleza, a 1° OCUPAÇÃO EM DEFESA DA CASA COMUM!

Nosso objetivo é denunciar o câncer dos projetos dos capitalistas em nossa Casa Comum e anunciar, com uma pauta propositiva, alternativas para um novo amanhã. Pauta esta que pretendemos apresentar diretamente para os chefes dos governos estadual e federal, e obter deles os devidos encaminhamentos.

Participe você também! O futuro é agora.


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DEFENDER A CASA COMUM: CONSTRUIR A RETOMADA ANCESTRAL.

  Robson de Sousa Moraes (Geógrafo, Professor da UEG) robson.moraes@ueg.br     A Terra é nossa Casa Comum, um lar compartilhado ...