terça-feira, 24 de outubro de 2023

Festival de Saberes: Juventude tem fome, muita fome!

                                        

    Thales Emmanuel, militante da Organização Popular - OPA

                Final de semana passado, participamos do IV Festival de Saberes, encontro da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), de Ocara, município do interior cearense.

            Como sempre, nos entusiasmou bastante a concentração e a comunhão de interesses de jovens de faixas etárias tão diversas, entre 10 e mais de 60 anos. Havia uma nítida fome por compreender as temáticas debatidas: “O que é capitalismo? Quais seus prós e contras?”, “O que é comunismo?”... Uma fome severa de entender o mundo em que se vive esteve no meio de nós.

               A fome de compreensão logo transbordou para questões de compromisso prático: “Como derrotar o capitalismo?”, “Por onde começamos?”.

                Gabriel Biologia, camarada e atualmente vereador de Fortaleza, nos fez perceber a urgência de uma conversão ecológica de todos aqueles e aquelas que lutam. Além de nos mostrar as mentiras e manipulações que o capitalismo utiliza para ludibriar a classe oprimida com falsas alternativas de superação da crise ambiental. “Nossa luta é contra o fim do mês e contra o fim do mundo".

             Deusália Afonso, camarada de longa data, resgatou seu processo de formação militante – da favela na PJMP, da PJMP para as organizações de luta por moradia, e daí para o Movimento Sem Terra. Deixou bem explicado que o combate à desigualdade passa necessariamente por transformações na estrutura da sociedade, sobretudo com a Reforma Agrária Popular. “Na PJMP, aprendi a ver e a julgar. Quando ingressei nos movimentos populares, aprendi a agir”, declarou, remetendo-se à conhecida metodologia pastoral “Ver, Julgar e Agir”. 

           Dona Raimunda, companheira do Assentamento Denir, lembrou que gostaria que a Reforma Agrária fosse implementada de forma passiva, mas que, infelizmente, isso não é possível. Os donos do poder não permitem, e por isso é preciso muita luta!

            O assunto Israel-Palestina não foi esquecido. Vimos como o terrorismo do Estado de Israel é capaz de empreender as maiores atrocidades contra todo um povo, que resiste há décadas no seu direito sagrado de existir. Muitos palavrões foram ditos ou imaginados quando se pediu para expressarmos nossa indignação frente a tais injustiças. A corajosa Maria Lima que o diga!

         O companheiro indígena, Gustavo, facilitou o entendimento da relação Israel-Palestina ao citar o território Tremembé em que seu povo vive atualmente, espremido entre as invasões promovidas pela empresa Ducoco e a instalação de parques de energia eólica. Uma verdadeira faixa de Gaza a resistir!

         Não poderia deixar de fazer um reconhecimento todo especial à coordenação do encontro: esta juventude foi de uma responsabilidade que nos faz brilhar os olhos! Zelosa e firme, como é necessário ser. Deus queira que continuem com o processo de formação sugerido no momento de encerramento do Festival! Aliás, uma cigana, que leu minha mão, disse que vai dar certo.

              E ela me falou mais: que, com esta pegada espalhada aos quatro cantos, derrotaremos o capitalismo e salvaremos a Casa Comum, planeta Mãe de toda a vida que há descoberta.

           Caralho! Isso que senti neste encontro só pode ser a tal mística, ou fome, daquilo que um jovem educador de barba branca um dia chamou de ESPERANÇAR.

DEFENDER A CASA COMUM: CONSTRUIR A RETOMADA ANCESTRAL.

  Robson de Sousa Moraes (Geógrafo, Professor da UEG) robson.moraes@ueg.br     A Terra é nossa Casa Comum, um lar compartilhado ...