terça-feira, 21 de maio de 2024

Brigada Popular de Saúde



Por Jerffson Fei, membro da comissão de comunicação da OPA na Ocupação Carlos Marighella.


Nasce a semente da Brigada Popular de Saúde Carlos Marighella!

Nasce em contexto de um grau imenso de doença mental em nossa comunidade. Nasce como o vento, que há tempos é como milagre diante de tanto caos sócio-ambiental e humano.

E na afirmação da necessidade de se organizar ante as dificuldades impostas contra o Sistema Único de Saúde, sempre superlotados.

A demanda pela saúde é extrema! E essa cura não vem apenas deste setor da sociedade. Aprendemos ainda mais na semana de trabalhos para a formação da Brigada que o remédio para tantas enfermidades se encontra no modelo de vida que levamos. Atualmente, só nos adoece. A falta de acesso básico à alimentação, lazer, cultura, arte, à moradia digna e por aí vai.

Este ponto relata um dos pontos principais da Brigada Popular de Saúde, que nos move à solidariedade entre o curador e os que buscam a cura, seja a cura imediata de si ou a cura coletiva para avançar nesta defesa.

E não dá pra deixar de lembrar que estamos a falar de mais um direito negado em sua essência, quando passamos meses em uma fila de espera por um exame médico, quando somos jogados de um posto para outro, e quando temos que sair pela madrugada para pegar filas imensas para uma única marcação.

E é neste contexto que a Brigada traz seu segundo ponto essencial e vital para a comunidade: a importância de se organizar para buscar soluções que não vêm do agressor (modelo do sistema).

Não dá pra deixar de falar das dificuldade dos profissionais, que ainda são poucos neste setor. Além da demanda imensa de atendimentos, onde nos colocam a todo momento em confronto com o trabalhador da saúde, como se ele fosse o culpado do caos dentro dos espaços que buscamos a cura.

E o terceiro ponto , um diagnóstico da saúde de nossa comunidade, com isso vemos qual a importância de conseguirmos perceber o que nos adoece no contexto atual.

As doenças são basicamente as mesmas. E vemos o grau de avanço da falta de direitos e o racismo ambiental escancarando.

Neste sistema, saúde é mercadoria.  Nossos corpos existem para gerar lucro.

Estamos falando de uma fábrica de produzir doenças. Quanto mais doentes, mais lucro.

O lobby farmacêutico é um dos mais ricos do mundo! Não à toa, temos polos farmacêuticos em todo território brasileiro, até na Amazônia.

Temos uma sociedade DOPADA com químicos legais, mas podemos plantar nesta Casa Comum e se utilizar da cura das plantas benzedeiras, chás... E que a ciência moderna também se encontre dentro deste processo.

Ficamos firmes no compromisso de manter esta chama viva!

Agradecer imensamente ao camarada Wladimir Nunes e à camarada Mônica Lima, que com muito empenho firmaram a bandeira preventiva de dias melhores que virão.

E um salve aos hermanos do Partido Comunista Brasileiro, pela ativa parceria!

 

CÁPSULAS DE BALAS E DESTRUIÇÃO CRIMINOSA: JACINTA SOUSA RESISTE!

 



Equipe de Comunicação da OPA.

 

            A Ocupação Jacinta Sousa conta com a participação de aproximadamente 50 famílias, a maioria nativa, originária de Majorlândia e imediações, no município de Aracati-CE. São descendentes de pessoas que perderam suas terras dentro do contexto dos sucessivos e violentos processos de colonização-invasão empresarial. A forma que encontraram de resistir no presente foram ocupando e pegando de volta uma das terras tomadas de seus ancestrais.

            A retomada da terra vem ocorrendo de forma gradual numa área então completamente abandonada. No estágio atual, as famílias construíram um barracão coletivo, com cozinha, e diariamente se revezam na preparação do espaço para a edificação das futuras casas e quintais produtivos, enquanto o processo de titulação tramita no Judiciário e no IDACE.

            Desde a construção do barracão e cozinha coletivos, a comunidade vem sofrendo com frequentes ameaças e tentativas de intimidação. Um conhecido policial do Raio, à paisana, esteve no local; depois foi a vez de uma mulher, que ligou para um membro da coordenação da OPA, declarando-se representante de um grupo norueguês, supostamente proprietário do terreno. Em ambos os casos, foi dito aos ameaçadores que procurassem os meios legais, que apresentassem os documentos que alegam possuir...

            Apesar de expressarem insistentemente que não é guerra o que querem, mas terra, terra para criar suas crianças e viver com dignidade, as ameaças contra a comunidade só se intensificam. Na madrugada de sábado para domingo, invasores atearam fogo e destruíram o barracão e a cozinha, e dez cápsulas de munição foram encontradas entre os escombros. Testemunhas confirmam ter ouvido sons de tiros.

            Enquanto cobramos uma resposta imediata das autoridades, reafirmamos que não pararemos de lutar em defesa de nossa Casa Comum, como o Papa Francisco chama a vida no planeta. Porque a Terra é para todas as pessoas, e não somente para algumas. Sabemos que é com união e luta que conquistaremos nossos tetos de telha e faremos de nosso teto de nuvem um mundo onde cercas e balas não serão mais capazes de impedir a retomada da dignidade há tempos usurpada.

Compartilhe! Entre em contato! Lute!

Insta: @opa_organizacaopopular





quinta-feira, 2 de maio de 2024

UM PRIMEIRO DE MAIO HISTÓRICO NA OCUPAÇÃO DOM FRAGOSO






“Não queremos a formação de pessoas pacifistas, que coexistem pacificamente com as injustiças e não reclamam contra ela, não lutam por medo, conveniência ou interesse. Queremos formar militantes, combatentes do Reino, lutadores da justiça.”

Dom Fragoso

 

 

           Há exatos três anos, numa manhã de Primeiro de Maio, conhecido Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora, nascia a Ocupação Dom Fragoso, na zona rural de Jaguaruana, pequena cidade do interior do Ceará.

            Cada ano, na comunidade, as famílias camponesas se acostumaram  a fazer memória de seu aniversário, de sua luta, que se junta à luta de todo o povo, de todas as épocas, em todo o mundo.

            Este ano, a atividade ganhou um caráter mais que especial, muito em virtude do momento de crise em que passa a humanidade, mas também pela carência de utopia e de combatividade em que se encontra mergulhada grande parte das mais conhecidas organizações originadas da classe explorada e oprimida. Em momento de tormenta no mar da esperança, as ilhas de labaredas do Poder Popular, espalhadas no Brasil e no mundo, mas ainda bastante dispersas, revigoram as entranhas da alma de quem trabalha e procura por um porto presente e futuro de vida plena para todas as pessoas do planeta.

           A celebração, que durou cinco horas seguidas, logo ganhou contornos de fortalecimento da luta em defesa da Casa Comum, como o Papa Francisco chama a vida no planeta Terra. Por falar em papa, participaram evangélicos, gente sem religião, nove padres, diácono, seminaristas e leigos de dioceses diferentes do Ceará. Inclusive, esteve presente o padre Gel, de Crateús, que partilhou ensinamentos de Dom Fragoso, cristão lutador das causas populares, com quem conviveu por décadas.

              DAP (Diálogo de Ação Petista), PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), PCB (Partido Comunista Brasileiro) e seus coletivos, Teia dos Povos, Cáritas, Movimento 21, FAFIDAM (Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos), CPT (Comissão Pastoral da Terra), estiveram bem representados juntos à companheirada de inúmeras comunidades, camponesas e da periferia urbana, da região e da capital. A presença diversa mostrou o que é a classe explorada e oprimida, o que é a construção do Poder Popular, o que pretende ser a OPA.

“O capitalismo é um sistema que desumaniza, que aleija, que assassina milhões, bilhões, mas ele não consegue enterrar nossa alma, nossa ânsia de construir uma sociedade que seja de dignidade para todas as pessoas. E esse é o medo que os donos do poder têm de nós. Esse é o risco que o sistema opressor corre. A Dom Fragoso nasce da luta pela terra, mas vai além! É pela terra, para plantar alimentos saudáveis, mas é também pela Terra, pela vida no planeta Terra, em defesa de nossas vidas, em Defesa da Casa Comum”, declarou Elisângela Gomes, moradora da comunidade e uma das coordenadoras da OPA.            

      O Primeiro de Maio na Ocupação Dom Fragoso foi histórico! Histórico pela simplicidade e criatividade do momento, própria da participação ativa do povo; foi histórico pela união dos de baixo e seus apoiadores, em construção cada vez mais ampla; pelo olhar para a vida local em consonância com a vida em todo o planeta; pelo fortalecimento da organização da classe oprimida e explorada, única possibilidade de libertação para toda humanidade. E, se os orixás, encantadas e encantados, se Deus quiser, e ele quer, eles e elas querem, com fé na luta e na organização de todo o povo, uma libertação que virá antes que os capitalistas acabem com tudo.

Amém! Axé! Auerê! Aleluia!

 

Equipe de Comunicação da OPA.

 

RAIMUNDO CORAGEM

  Por Thales Emmanuel, militante da Organização Popular – OPA   A fazenda que pretendíamos ocupar estava abandonada há anos. O grupo p...