Thales Emmanuel, militante da Organização Popular – OPA.
Ontem, 01/06, o teatro Rosa Moraes, em
Crateús-CE, foi palco de mais uma batalhada na luta das comunidades e da
população urbana contra os crimes cometidos na construção da Barragem
Fronteiras e pela redefinição de seu projeto.
A referida obra, que ora se ergue contra
a vida de milhares de famílias, é acobertada por um falso discurso, uma
encenação – como sempre acontece nos grandes projetos capitalistas –, de que vem
com a finalidade de prover a população local daquilo que é sua maior carência:
água.
Sim, água é vida, mas desde que seu uso
tenha a finalidade de promovê-la. O que parece não ser o caso.
Estudos indicam que a Barragem
Fronteiras possui dois objetivos principais, não revelados abertamente, e até
negados pelas autoridades: atrair grandes empresas do agronegócio e servir de
suporte hídrico a usinas mineradoras que já operam e outras que pretendem se
instalar na região. Uma delas, de tão importante para o capital, foi citada no
último debate televisionado da eleição presidencial passada. Ou seja, as pistas
mostram claramente que o que está em curso é um velho e conhecido roteiro: imensa
lucratividade para poucos, às custas de veneno e radioatividade, doença e morte
para muitos.
Na audiência, as comunidades denunciaram
sem meias palavras a intenção velada do projeto e exigiram “água para a vida,
para o abastecimento humano, para a produção sustentável, e não para o
agronegócio nem para a mineração.”
Com o auditório lotado e diante de
representantes de órgãos estatais responsáveis, as famílias primeiramente
atingidas expuseram o que vêm sofrendo há anos, antes mesmo da primeira carrada
de argamassa ser assentada: “Nossos idosos estão morrendo de depressão. Sem
poder reformar, nossas casas estão caindo sobre nossas cabeças. Não temos mais
acesso a políticas públicas. Nossa vida é uma só angústia desde que tudo isso
começou”. De forma objetiva e sistematizada, apresentaram suas reivindicações com
prazo anunciado: “Que se encaminhe a pauta até julho de 2023. Não aguentamos
mais esperar!” É como se costuma ouvir: “Se o direito não chegar, a obra vai parar!”
Se, com a pontinha do rabo, o dragão já provoca
tanto sofrimento, que dirá quando se revelar por completo e, livre e solto, estiver
praticando suas monstruosidades.