Thales Emmanuel, militante da Organização Popular - OPA
Final de semana passado, participamos do IV Festival de Saberes, encontro da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), de Ocara, município do interior cearense.
Como
sempre, nos entusiasmou bastante a concentração e a comunhão de interesses de
jovens de faixas etárias tão diversas, entre 10 e mais de 60 anos. Havia uma nítida
fome por compreender as temáticas debatidas: “O que é capitalismo? Quais seus prós
e contras?”, “O que é comunismo?”... Uma fome severa de entender o mundo em que
se vive esteve no meio de nós.
A fome de compreensão logo transbordou para questões de compromisso prático: “Como derrotar o capitalismo?”, “Por onde começamos?”.
Gabriel
Biologia, camarada e atualmente vereador de Fortaleza, nos fez perceber a
urgência de uma conversão ecológica de todos aqueles e aquelas que lutam. Além
de nos mostrar as mentiras e manipulações que o capitalismo utiliza para
ludibriar a classe oprimida com falsas alternativas de superação da crise
ambiental. “Nossa luta é contra o fim do mês e contra o fim do mundo".
Deusália Afonso, camarada de longa data, resgatou seu processo de formação militante – da favela na PJMP, da PJMP para as organizações de luta por moradia, e daí para o Movimento Sem Terra. Deixou bem explicado que o combate à desigualdade passa necessariamente por transformações na estrutura da sociedade, sobretudo com a Reforma Agrária Popular. “Na PJMP, aprendi a ver e a julgar. Quando ingressei nos movimentos populares, aprendi a agir”, declarou, remetendo-se à conhecida metodologia pastoral “Ver, Julgar e Agir”.
Dona Raimunda, companheira do Assentamento Denir, lembrou que gostaria que a Reforma Agrária fosse implementada de forma passiva, mas que, infelizmente, isso não é possível. Os donos do poder não permitem, e por isso é preciso muita luta!
O
assunto Israel-Palestina não foi esquecido. Vimos como o terrorismo do Estado
de Israel é capaz de empreender as maiores atrocidades contra todo um povo, que
resiste há décadas no seu direito sagrado de existir. Muitos palavrões foram
ditos ou imaginados quando se pediu para expressarmos nossa indignação frente a
tais injustiças. A corajosa Maria Lima que o diga!
O companheiro indígena, Gustavo, facilitou o entendimento
da relação Israel-Palestina ao citar o território Tremembé em que seu povo vive atualmente,
espremido entre as invasões promovidas pela empresa Ducoco e a instalação de
parques de energia eólica. Uma verdadeira faixa de Gaza a resistir!
Não
poderia deixar de fazer um reconhecimento todo especial à coordenação do
encontro: esta juventude foi de uma responsabilidade que nos faz brilhar os
olhos! Zelosa e firme, como é necessário ser. Deus queira que continuem com o processo
de formação sugerido no momento de encerramento do Festival! Aliás, uma cigana,
que leu minha mão, disse que vai dar certo.
E
ela me falou mais: que, com esta pegada espalhada aos quatro cantos, derrotaremos o capitalismo e salvaremos
a Casa Comum, planeta Mãe de toda a vida que há descoberta.
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