Amélia Nunes, militante da Organização Popular -
OPA.
Todas e todos lutamos pelo Poder Popular. Mas, o que é, afinal, esse
poder? Quem o exerce? E em que sentido pode ser exercido?
Vamos, então, pensar junta/os.
A nossa Constituição de 1988, aquela a que chamam
de Constituição Cidadã, diz que “todo o Poder emana do Povo e em seu nome será
exercido”. O povo somos todos nós! Mas se somos todos nós, para que precisamos
de um Poder Popular, se a constituição já o assegura? Bom, aqui já encontramos
o primeiro problema. Se todos somos povo, então porque uns moram em mansões e
outros vivem em casebres ou na rua? Porque uns comem quatro fartas refeições e
outros passam fome? Alguma coisa não bate nesta conta. Vamos ver, então, onde
está o problema.
Se toda/os somos povo, nesse caso o banqueiro é
povo tanto quanto o mendigo, o pedreiro é povo tanto quanto o empresário.
Verdade! Contudo, quem é que pode mais? Quando o banqueiro bate na porta
do governador ou do prefeito pedindo polícia para a frente do seu banco porque
a calçada encheu de mendigos; quando o mendigo bate na porta das mesmas
autoridades pedindo emprego ou casa para morar, as autoridades recebem as
petições do mesmo jeito? Todos sabemos que no caso dos banqueiros, elas atendem
rapidamente, de modo que os mendigos nem chegam na porta das autoridades.
Percebemos que se quem manda é o povo, o povo não é
todo igual; uns podem mais e outros podem menos ou não podem nada. Os governos
não governam para todo o povo, governam para a parte do povo que pode mais,
governam pata a parte que chamamos de burguesia. E foi essa burguesia, mais ou
menos rica, mas principalmente a muito rica que inventou um sistema em que
teoricamente todos têm poder, e chamam a isso democracia, mas escondem que quem
manda é só a burguesia, pelo poder do dinheiro e não pelo poder das leis. Isso
se chama capitalismo.
O capitalismo e a burguesia falando em nome do
povo, criaram a base do pacto social em curso no Brasil. Segundo eles, que põem
o sistema em prática, o capitalismo interessaria a todos, patrões e
trabalhadores, e o crescimento da economia seria o caminho para enfrentar
nossos problemas comuns. Vimos que não!
Então, e nós? O que faremos?
Podemos construir o Poder Popular, um poder
que obrigue o poder dos poderosos a reconhecer os nossos direitos como seres
humanos e cidadãs e cidadãos. E quais são esses direitos? São o direito à
moradia digna, à alimentação, ao transporte, à educação, à cultura, e ao
lazer.
Para fazermos valer esses direitos que nos
reconhecem como sociedade, precisamos nos organizar e lutar por eles. Na
organização e na luta nós nos transformamos em poder! Se eles não fizerem, nós
faremos. Onde houver um terreno desocupado, nós ocuparemos e construiremos nossas
casas, depois um bairro. Em Teresina temos vários bairros que começaram assim,
como o Itararé, o Dirceu, o São João, parte do Mocambinho, entre outros. Só que
escondem da gente a nossa própria história com a intenção de nos
desanimar.
Havendo fome na ocupação, se não para todos, pelo
menos para alguns, organizaremos uma cozinha comunitária e faremos a partilha
do cozinhado.
Porque não é mais possível pensarmos que podemos
enfrentar as profundas desigualdades existentes, a barbárie em que se transformou
a sociedade do capital e da mercadoria, com o genocídio dos pobres, dos negros,
das populações indígenas, aplicando políticas que só visam ampliar o acesso aos
bens materiais para aqueles que têm o poder do dinheiro. Essa prática gera o
simples crescimento econômico capitalista, o que só faz aumentar a destruição
da natureza e acaba concentrando ainda mais a riqueza na forma de lucros
acumulados privadamente.
Nessa sociedade nós seremos sempre a mercadoria. E
mercadoria joga-se fora quando não serve mais!
Nós somos gente! Podemos e queremos construir uma
sociedade de todos e para todos!
Queremos o Poder Popular!
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