terça-feira, 11 de abril de 2023

O que é comunismo?

 


Thales Emmanuel, militante da Organização Popular – OPA

 

A palavra “comunismo” tem sido bastante falada nos últimos anos, principalmente por setores fascistas e adesivados. Por outro lado, há quem diga que ser apelidado assim é coisa boa. “Ruim é se lhe chamarem de ‘capitalista’”.

A sociedade capitalista funciona segundo uma lógica: “Ricos, cada vez mais ricos, às custas do povo, cada vez mais empobrecido, e da destruição da natureza”. É por esse motivo que a fome no mundo só aumenta, apesar dos recordes históricos de riqueza produzida, e que a biodiversidade sofre como nunca, mesmo com as repetidas conferências de cúpula sobre o clima. Não à toa, as milhões de mortes na pandemia do coronavírus correspondem aos bilhões em lucros acrescidos às fortunas dos ricos capitalistas no mesmo período.

Funcionar segundo uma lógica significa dizer que a estrutura, o alicerce a partir do qual o capitalismo é erguido, necessariamente produzirá cada vez mais desigualdades e injustiças sociais. Está em seu DNA! Isso é comprovado na pele e na alma pela maioria da população, mas também cientificamente. Se quiser entender mais a fundo, assista Tempos Modernos, A Corporação, Notícias de uma Guerra Sem Fim, Uma História de Amor e Fúria, Mataram Irmã Dorothy e leia Manifesto do Partido Comunista e A Crise Estrutural do Capital. Se achar que deve, pode também procurar a OPA. Estaremos de portas abertas.

Mas afinal de contas, o que é comunismo? E porque ele é tido como o inimigo mortal do capitalismo?

O comunismo se alicerça em dois princípios que, se praticados, necessariamente porão abaixo a ordem social injusta e erguerão uma nova, embasada na vida, e não mais no lucro.

O primeiro princípio algumas pessoas chamam de solidariedade, outras de compaixão. É o se colocar no lugar do outro, da outra. “Eu sou porque somos”. É sentir nas próprias entranhas a dor que padece o irmão, a irmã. É ver e sentir o ser humano como humano. É a indignação que ferve por dentro ante as injustiças e que nos impulsiona a agir. “Se você é capaz de tremer de indignação frente qualquer injustiça, cometida contra qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, então somos companheiros”, diz Che Guevara. 

O segundo princípio nasce quando descobrimos que os problemas têm causas. Sendo assim, podemos resolvê-los, e em definitivo. Comunismo, portanto, é também ir à raiz das questões. Dom Hélder Câmara exemplifica bem este princípio quando diz que quando dava comida aos pobres, o chamavam de santo; mas quando perguntava pelas causas da pobreza, aí logo o taxavam de comunista. Baldes são emergenciais para aparar goteiras em noites de tempestade, mas, se a estrutura da casa está comprometida como um todo, ela terá que ser demolida e reconstruída desde o alicerce, caso a intenção seja mesmo resolver o problema.

Seja através do estudo da história das sociedades e/ou por sentir na pele as mazelas provocadas pelo sistema, comunista também é aquele ou aquela que aprendeu que as mudanças reais que tanto a humanidade necessita virão de baixo, da luta e organização do povo explorado e oprimido. Em outras palavras, que “a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”, ou, se preferir, quando se “derrubar do trono os poderosos e se exaltar os humildes”.

Destarte, se você possui essas características, se vive conforme esses princípios, cuidado! Mais cedo ou mais tarde vão lhe rotular de comunista, e o que é melhor: com uma grande probabilidade de sê-lo.

 

Vamos debater um pouco?

- Como sentimos e percebemos o capitalismo em nossas vidas?

- O que temos feito para não sermos vencidos/as pela indiferença?

- É importante irmos à raiz dos problemas? Por quê?

- A família camponesa alimenta o mundo e, em muitos casos, dorme com fome. O trabalhador da construção civil constrói mansões, prédios fabulosos, mas muitas vezes mora em barraco alugado. Por que isso acontece?

- O que entendíamos por comunismo antes desta leitura? E o que entendemos agora?

sábado, 1 de abril de 2023

TODA A GENTE UNIDA CONTRA O DESPEJO DA GREGÓRIO!


                    Equipe de Comunicação da Organização Popular – OPA

 

No município de Jaguaruana, localizado no interior do Ceará, havia uma fazenda abandonada há anos. Quando ativa, esta terra era usada para produção empresarial de camarão, que, segundo pesquisas, consome cerca de 60.000 litros de água doce por quilo de animal produzido. Além disso, comprovadamente, a carcinicultura promove intensa destruição e poluição de ecossistemas.

Em 25 de fevereiro, 50 famílias agricultoras Sem Terra, oriundas de 12 bairros e comunidades diferentes de Jaguaruana, se organizaram na OPA e ocuparam a fazenda.

Esta fazenda estava abandonada há mais de seis anos. Sem contar que, quando chegamos, encontramos uma terra adoecida. Mas já começamos a recuperar ela. Plantamos feijão, jerimum, melancia, milho... tudo sem veneno! Trabalhamos para ter alimentos saudáveis para nossos filhos e para toda a região. Se Deus quiser vamos transformar a Ocupação Gregório Bezerra num local de vida, num local de produção de saúde”, declara Ana Kelly, moradora.

Para surpresa das famílias, ontem pela manhã, 31/03, um oficial de justiça se dirigiu até a comunidade para entregar uma liminar de despejo, exigindo que as famílias saíssem imediatamente. O parecer do juiz que deu a ordem, Diogo Altorbelli Silva de Freitas, está baseado em inverdades.

Ao contrário do que consta no laudo emitido pelo magistrado, como toda população bem sabe, a área há anos não cumpre sua função social. O abandono pode ser facilmente verificado na foto abaixo, feita no dia da ocupação. Se houver alguma dúvida em relação a tudo o que aqui está sendo relatado, a Comunidade Gregório Bezerra – OPA convida você para vir aqui e conferir com os próprios olhos.

A Constituição Federal prevê no artigo 184 a desapropriação para fins de Reforma Agrária do imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social. Alô governos estadual e federal! Os senhores, que já estão cientes do problema... Tá na hora de agir em favor dos direitos do povo.

Nós, que construímos a Organização Popular, acreditamos que a Casa Comum, como o Papa Francisco chama o planeta que habitamos, deve ser local de dignidade para todas as pessoas, e não somente para um punhado de gente rica. Por esse motivo, não sairemos da terra e resistiremos até o fim.

Se você também acredita que a vida deve estar acima do lucro, nesta Semana Santa não lave as mãos! Junte-se a esta luta e SEJA CONTRA O DESPEJO DAS FAMÍLIAS DA OCUPAÇÃO GREGÓRIO BEZERRA!


UNIR! LUTAR! CONSTRUIR PODER POPULAR!

 

                        Casas dos antigos donos estão completamente deterioradas, comprovando total abandono.

QUANTO VALE UMA VIDA?

  Coordenação da Organização Popular - OPA Lutamos tanto em defesa da democracia, mas já passa da hora de nos perguntarmos: Que democracia...