Thales Emmanuel, militante da Organização Popular – OPA
Na luta popular, muitas são as
formas criadas para enfrentar a repressão. Quero reconhecer aqui uma canção que já se tornou hino, pelo tanto de vezes que serviu e serve ao
encorajamento da alma militante nos momentos mais difíceis. “O risco que corre
o pau corre o machado”, de Luiz Vila Nova.
Quando a polícia nos cerca com seus cães e escudos, com suas escopetas apontadas, olhamos em nossa volta e o que vemos são trabalhadores e trabalhadoras desarmados, jovens, idosos, crianças aflitas. “Que crime cometemos?”, muitos se perguntam. A perna treme, o coração palpita. E agora?
“O risco que corre o pau corre o machado,
não há o que temer...”, ao fundo, uma voz trêmula puxa a canção... e de repente
a melodia se faz coro. Sem ensaio algum, tudo sai na mais perfeita sintonia.
Não vem da garganta, vem de local mais profundo. A gente sente, apesar de não
saber explicar que local é este. A perna deixa de tremer, o medo se dissipa e a
fé inunda todo o ser com uma esperança combativa. O perigo continua visível. Está ali, bem em frente. Mas agora nem a morte é capaz de nos calar.
Me
encontrei com Vila Nova há pouco tempo atrás, numa atividade do Movimento das Comunidades Populares
(MCP), em Feira de Santana, Bahia. Não sabia que era ele, mas desde o começo
fomos tomados por uma grande afinidade. Questionado em plenária sobre o que
entendia por Poder Popular, o velho comunista afirmou sem titubear: “Poder
Popular é o povo organizado avançando na luta contra o inimigo.”
Conversa vai, conversa vem, descobri que
meu novo amigo já fazia parte de minha vida há anos. “Você é o autor de ‘O
risco’?! Sério mesmo?!” Aí, pronto, a tietagem começou. O mais incrível, no
entanto, foi saber que a letra remete a uma história real, vivenciada pelo
camarada, por sua inseparável companheira, Laura, e por outros corajosos militantes
camponeses, entre eles, o inesquecível Manoel da Conceição.
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