sexta-feira, 2 de junho de 2023

BARRAGEM FRONTEIRAS E O TEATRO DA VIDA





            Thales Emmanuel, militante da Organização Popular – OPA.

 

Ontem, 01/06, o teatro Rosa Moraes, em Crateús-CE, foi palco de mais uma batalhada na luta das comunidades e da população urbana contra os crimes cometidos na construção da Barragem Fronteiras e pela redefinição de seu projeto.

A referida obra, que ora se ergue contra a vida de milhares de famílias, é acobertada por um falso discurso, uma encenação – como sempre acontece nos grandes projetos capitalistas –, de que vem com a finalidade de prover a população local daquilo que é sua maior carência: água.

Sim, água é vida, mas desde que seu uso tenha a finalidade de promovê-la. O que parece não ser o caso.

Estudos indicam que a Barragem Fronteiras possui dois objetivos principais, não revelados abertamente, e até negados pelas autoridades: atrair grandes empresas do agronegócio e servir de suporte hídrico a usinas mineradoras que já operam e outras que pretendem se instalar na região. Uma delas, de tão importante para o capital, foi citada no último debate televisionado da eleição presidencial passada. Ou seja, as pistas mostram claramente que o que está em curso é um velho e conhecido roteiro: imensa lucratividade para poucos, às custas de veneno e radioatividade, doença e morte para muitos.

Na audiência, as comunidades denunciaram sem meias palavras a intenção velada do projeto e exigiram “água para a vida, para o abastecimento humano, para a produção sustentável, e não para o agronegócio nem para a mineração.”

Com o auditório lotado e diante de representantes de órgãos estatais responsáveis, as famílias primeiramente atingidas expuseram o que vêm sofrendo há anos, antes mesmo da primeira carrada de argamassa ser assentada: “Nossos idosos estão morrendo de depressão. Sem poder reformar, nossas casas estão caindo sobre nossas cabeças. Não temos mais acesso a políticas públicas. Nossa vida é uma só angústia desde que tudo isso começou”. De forma objetiva e sistematizada, apresentaram suas reivindicações com prazo anunciado: “Que se encaminhe a pauta até julho de 2023. Não aguentamos mais esperar!” É como se costuma ouvir: “Se o direito não chegar, a obra vai parar!”

Se, com a pontinha do rabo, o dragão já provoca tanto sofrimento, que dirá quando se revelar por completo e, livre e solto, estiver praticando suas monstruosidades.

            No teatro da vida, a realidade é dolorida, mas cheia de esperança, sobretudo quando a união e luta dos oprimidos entram em cena.

DEFENDER A CASA COMUM: CONSTRUIR A RETOMADA ANCESTRAL.

  Robson de Sousa Moraes (Geógrafo, Professor da UEG) robson.moraes@ueg.br     A Terra é nossa Casa Comum, um lar compartilhado ...