terça-feira, 18 de outubro de 2022

NÃO É PRECISO INVENTAR A RODA

                                                             

          Por Thales Emmanuel, militante da Organização Popular – OPA.

 

        Certa vez, retomamos o Trabalho de Base numa comunidade camponesa, que há muito não atuávamos. Possuíamos um padrão organizativo – núcleos de dez famílias cada, coordenações com duas pessoas, setores – e fomos prontos para implementá-lo.

            Em tempo recorde, tudo estava “perfeitamente” concluído. Retornamos mais que satisfeitos. Aí, na primeira brisa leve de problemas, “Buff!”, a estrutura organizativa se desmoronou por completo.

Organicidade não se constrói do dia para a noite e nem com fórmulas prontas. Ao invés de levar um modelo acabado, deveríamos ter partido da cultura organizativa local já existente. Senti-la, entendê-la, respeitá-la, e só então passar a interagir para a elevação da participação popular.

       A contar deste momento, e com o terreno fertilizado pelo estímulo à participação, é que a raiz organizativa do Poder Popular, quando cultivada, se ramifica, ganha contornos e profundidade. É neste solo que a formação, a luta, a equidade de gênero, a divisão de tarefas, a partilha do poder de decisão, o aprendizado militante e a prática da solidariedade geram seus frutos. É deste chão que os galhos da unificação da classe explorada e oprimida absorvem os nutrientes necessários para crescerem firmes em busca da luz de um novo amanhã.

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