Thales Emmanuel, militante da Organização Popular –
OPA.
Você
já deve ter se encontrado com uma mamangava por aí. É uma abelhona – grande
mesmo! – de zumbido forte, geralmente solitária, que vive a pairar entre
flores. Muitas pessoas se assustam com sua presença. Talvez desconheçam o bem
imenso que gratuitamente ela faz à humanidade. A mamangava é responsável pela polinização
de inúmeras espécies de plantas e, consequentemente, por seus frutos.
O capitalismo
tem sido implacável com as abelhas. Grandes desmatamentos, agrotóxicos e os
transgênicos ameaçam de extinção várias espécies, entre elas a mamangava. Se
você jamais topou com uma mamangava por aí, de certo esse é um dos motivos.
Na
periferia de Crateús, cidade do interior do Ceará, a comunidade Nossa Senhora
de Fátima se constrói ecologicamente através do Projeto de Desenvolvimento
Sustentável Irmã Dorothy. Nome dado a um conjunto de práticas coletivas implementadas
voluntariamente pela própria comunidade na busca pela plena harmonia entre
humanidade e natureza.
“Esse
projeto é feito com muito Trabalho de Base e se inspira principalmente no
legado da Irmã Dorothy e nos ensinamentos dos povos indígenas. Ele vai desde a mobilização
para a luta contra o agronegócio e o modelo de mineração capitalista, por
exemplo, passando pelos quintais ecológicos da comunidade, até à produção e
distribuição de mudas na sede de nossa associação”, lembra José Breitner, um
dos coordenadores.
Há
mais ou menos dois meses, a comunidade replantou 150 mudas nativas nas margens
do córrego que atravessa o bairro. Na noite do mesmo dia, numa reunião, justo
no ponto em que se passava o informe do trabalho de reflorestamento realizado,
uma mamangava negra entra pela lateral do barracão, dá duas voltas sobre nossas
cabeças e parte.
Tive
a sensação que ela veio nos abraçar, partilhar de sua alegria e deixar um
pedido singelo: “Polinizai, irmãos e irmãs! Polinizai!”
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