quarta-feira, 18 de junho de 2025

AMEAÇADAS DE DESPEJO, FAMÍLIAS CAMPONESAS HASTEIAM BANDEIRAS DA PALESTINA E DENUNCIAM: “O POVO PALESTINO TEM DIREITO À TERRA, E NÓS TAMBÉM. RESISTIREMOS!”

 

 
 
 

Equipe de Comunicação da Organização Popular - OPA




    Se você passar numa das estradas carroçáveis do município de Morrinhos, localizado a aproximadamente 211 km de Fortaleza, no Ceará, pode se deparar com um cenário inesperado: inúmeras bandeiras da Palestina hasteadas em frente a uma propriedade rural.

    Ali se encontram 52 famílias agricultoras sem terra, prontas para resistir a uma ação de despejo movida pelo secretário de governo e deputado estadual, Zezinho Albuquerque.

    A Ocupação Poeta Colibri, como as famílias a batizaram, nasceu em setembro de 2024, quando dezenas de trabalhadoras e trabalhadores do distrito de Sítio Alegre, no município de Morrinhos, entraram num conhecido latifúndio que há muito não cumpria com sua função social, como determina a Constituição Federal.

    As famílias nativas literalmente ocuparam a terra! Em nove meses, cultivaram uma diversidade incontável de alimentos, melhoraram as estruturas e estavam construindo suas vidas ali quando receberam uma liminar de reintegração de posse, uma ordem de despejo, emitida pelo juiz de Santana do Acaraú, Gustavo Ferreira Mainardes.


O doutor juiz precisa chegar aqui para conhecer a realidade. A terra não produzia nada há uns 20 anos. Somos famílias aqui da região, nativas. Sabemos o que estamos dizendo e também o que estamos fazendo. Temos direito a essa terra. Alguns de nós têm sim uma casinha simples na cidade. Isso não tira nosso direito, porque ninguém tem terra. Se o juiz vier, será muito bem acolhido, terá a oportunidade de conhecer nosso lugar e comer de nossa produção. Trabalhamos na terra e precisamos dela para plantar”, comentou seu Aristides, integrante da Poeta Colibri.


    Com a apreensão gerada ante a iminente repressão por parte do Estado, reunindo-se e assistindo ao que ocorre com o povo palestino, a identificação se fez inevitável:


O povo palestino é gente que não é tratado como gente, igual a nós. O povo palestino tem direito à terra e a viver como qualquer outro povo do planeta, igual a nós. O governo de Israel está querendo tirar eles do mapa. O deputado e o juiz estão querendo fazer a mesma coisa com a gente. Por isso fincamos essa ruma de bandeira da Palestina, porque nós somos a Palestina e a Palestina somos nós. É pela vida. Nós lutamos pela vida!”, continuou seu Aristides.

 

    O deputado Zezinho Albuquerque apresentou documentos que comprovariam a propriedade de apenas uma pequena parcela do latifúndio abandonado.

    O magistrado Gustavo Ferreira Mainardes não considerou o índice de produtividade, necessário ao cumprimento da função social da terra. Decretou o despejo justificando que os trabalhadores possuem casa e concedeu dez dias para que as famílias saiam com seus pertences, incluindo a colheita do que for possível, sob pena do uso da violência.

    Pessoas, comunidades e entidades, a par da injustiça flagrante, somam-se à luta e afirmam estar dispostas a resistir até o final com a Poeta Colibri.

    A comunidade cobra dos governos uma inspeção técnica da área e convida, muito respeitosamente, o juiz para uma visita, para que emita seu parecer depois de conhecer com os próprios olhos a realidade. Além de resistir, tal e qual o povo palestino, no direito de existir.


 

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