Robson de Sousa Moraes
(Geógrafo, Professor da UEG)
robson.moraes@ueg.br
A Terra é nossa Casa Comum, um lar
compartilhado por todas as formas de vida. Proteger e preservar o equilíbrio ecológico
é essencial para garantir um ambiente saudável. Cada ação em defesa da natureza
é um passo em direção à harmonia com o planeta. Resgatar e valorizar os
conhecimentos e práticas dos nossos antepassados é crucial. Eles nos ensinam
formas de viver em equilíbrio com a natureza e a construir comunidades mais
fortes e integradas a seus respectivos ecossistemas.
Em um contexto da mundialização do Modo de Produção
Capitalista, é crucial lembrar e valorizar as tradições e culturas que moldaram
nossa identidade. A Retomada Ancestral surge como uma exigência essencial para
resgatar e preservar os conhecimentos e práticas dos nossos antepassados,
especialmente dos povos indígenas e de diversas comunidades tradicionais, que
possuem uma relação íntima, respeitosa e integrada com a natureza. A Construção
da Retomada Ancestral, em defesa da Casa Comum, é parte do amplo movimento de
superação da atual crise socioambiental. Olhar para o passado dos povos que
habitavam e habitam o território nacional, compreendendo que nestas
sociabilidades não capitalistas, estão formas de organização social que podem
basilar a chamada “transição agroecológica” para além dos limites da sociedade
produtora e consumidora de mercadorias. Ao valorizar nossas raízes,
fortalecemos nossas identidades coletiva e promovemos um mundo onde a diversidade
cultural é respeitada e preservada.
Não podemos esperar que as mudanças
urgentes e necessárias venham daqueles que se enriquecem com o atual estado de
degradação socioambiental. As instituições que compõem o sistema capitalista
representativo burguês, estão completamente comprometidas com a manutenção de
privilégios, reproduzem as desigualdades e a despossessão ampliada da natureza.
A verdadeira mudança vem do povo organizado. Quando nos organizamos e agimos em
conjunto, temos a capacidade e o Poder de transformar a sociedade e lutar por
um mundo mais justo e igualitário. O Poder Popular é a chave para a
transformação social. Não podemos esperar por mudanças vindas de cima. A Ação
direta é necessária para confrontar injustiças e proteger nosso planeta,
combatendo as desigualdades e a concentração de riqueza.
A ação direta envolve a intervenção
ativa das pessoas em situações de injustiça, sem a mediação de autoridades ou
instituições formais. Pode incluir protestos, ocupações, greves, bloqueios e
outras formas de insatisfação que visam confrontar diretamente as variadas fontes
de opressão. Faz-se necessário desafiar a passividade, recuperar a iniciativa
de combate superando a imobilizante combinação entre táticas e estratégias
defensivas. A ação direta quebra esse ciclo, mostrando alternativas concretas
de lutas e demostrando objetivamente que justiça socioambiental pode ser
conquistada por meio da mobilização ativa. É um lembrete constante de que os
direitos e liberdades não são concedidos gratuitamente, mas conquistados
através de luta organizada e determinação.
Estamos vivendo uma crise climática sem
precedentes. A inação não é uma opção. Precisamos agir agora para mitigar os
efeitos devastadores das mudanças climáticas provocadas por uma estrutura
econômica e social que visa a obtenção, sem limites, de lucratividade através
da exaustão, morte e extermínio de diversas formas de vida. A organização
popular é fundamental para enfrentar os desafios que nos cercam, agregando
Trabalhadoras e Trabalhadores (urbanos e rurais), os despossuídos, a juventude
de periferia, indígenas e quilombolas, bem como todos e todas que vislumbram a
emancipação humana e a existência de uma alternativa de luta capaz de articular
a contraofensiva popular em defesa da Casa Comum. Estudar, planejar, organizar
e agir coletivamente para construir o mundo que queremos. É hora de uma Revolução
Popular, uma mudança radical em como nos relacionamos com o planeta e uns com
os outros. Somente através da organização popular poderemos alcançar justiça
ambiental e social de forma duradoura e efetiva.
Cidade de Goyaz, junho
de 2024
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