Thales Emmanuel, militante da Organização Popular – OPA
O
município de Crateús, no sertão cearense, amanheceu o dia de ontem, 28/01, com
mais um passo dado na construção do Poder Popular. A cidade, conhecido
território indígena multiétnico, acordou com mais uma retomada urbana, uma
ocupação de luta por terra e moradia.
As trinta famílias Sem Teto, organizadas na OPA, são sócias da Associação de Moradores e Agricultores do Conjunto Nossa Senhora de Fátima, respeitada entidade local de defesa dos direitos humanos.
“A retomada foi feita à meia noite, do dia 27 para o
dia 28. Mas ela vem de bem antes. Tivemos muitas reuniões de preparação até
chegarmos aqui. Estamos conscientes do que vamos enfrentar, e vamos até o fim. Precisamos
de casa para morar. É uma necessidade e um direito nosso.”, declarou Vicente,
um dos ocupantes.
Para
Fabiana Araújo, indígena potiguara e membra da coordenação local da OPA, “as
famílias lutam pela urgência da sobrevivência, mas o processo para a retomada é
todo ele de formação. Formação em práticas de solidariedade, formação em
organizar as várias formas de resistência popular, em viver em comunidade,
formação para entender que é preciso se unir, povo oprimido e explorado, contra
o sistema capitalista que nos massacra. Estudamos, cantamos, nos abraçamos e
lutamos, tudo ao mesmo tempo.”
Já Raimundo Nonato, igualmente da
coordenação local da OPA e morador da comunidade Poty, atingida pela Barragem
Fronteiras, destaca que “onde tiver um irmão ou irmã lutando por direitos (moradia,
terra...), estaremos juntos. Deus deixou o planeta para todos, mas alguns ‘espertos’
se apossaram criminosamente dele, deixando a imensa maioria passando
necessidade. Não vamos baixar nossas cabeças e aceitar ordens de nenhum
capitalista. Mexeu com uma comunidade, mexeu com todas!”
O termo “Retomada” vem da tradição de
luta indígena e significa “pegar de volta o que nos foi roubado”; no caso, a
terra e todos os direitos que garantam a dignidade humana imprescindível às
famílias.
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