Thales Emmanuel, militante da
Organização Popular – OPA
A palavra “comunismo” tem sido bastante
falada nos últimos anos, principalmente por setores fascistas e adesivados. Por
outro lado, há quem diga que ser apelidado assim é coisa boa. “Ruim é se lhe
chamarem de ‘capitalista’”.
A sociedade capitalista funciona segundo
uma lógica: “Ricos, cada vez mais ricos, às custas do povo, cada vez mais
empobrecido, e da destruição da natureza”. É por esse motivo que a fome no
mundo só aumenta, apesar dos recordes históricos de riqueza produzida, e que a
biodiversidade sofre como nunca, mesmo com as repetidas conferências de cúpula
sobre o clima. Não à toa, as milhões de mortes na pandemia do coronavírus
correspondem aos bilhões em lucros acrescidos às fortunas dos ricos
capitalistas no mesmo período.
Funcionar segundo uma lógica significa
dizer que a estrutura, o alicerce a partir do qual o capitalismo é erguido,
necessariamente produzirá cada vez mais desigualdades e injustiças sociais.
Está em seu DNA! Isso é comprovado na pele e na alma pela maioria da população,
mas também cientificamente. Se quiser entender mais a fundo, assista Tempos
Modernos, A Corporação, Notícias de uma Guerra Sem Fim, Uma História de Amor e
Fúria, Mataram Irmã Dorothy e leia Manifesto do Partido Comunista e A Crise
Estrutural do Capital. Se achar que deve, pode também procurar a OPA. Estaremos
de portas abertas.
Mas afinal de contas, o que é comunismo?
E porque ele é tido como o inimigo mortal do capitalismo?
O comunismo se alicerça em dois
princípios que, se praticados, necessariamente porão abaixo a ordem social
injusta e erguerão uma nova, embasada na vida, e não mais no lucro.
O primeiro princípio algumas pessoas
chamam de solidariedade, outras de compaixão. É o se colocar no lugar do outro,
da outra. “Eu sou porque somos”. É sentir nas próprias entranhas a dor que padece
o irmão, a irmã. É ver e sentir o ser humano como humano. É a indignação que
ferve por dentro ante as injustiças e que nos impulsiona a agir. “Se você é
capaz de tremer de indignação frente qualquer injustiça, cometida contra
qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, então somos companheiros”, diz Che
Guevara.
O segundo princípio nasce quando descobrimos
que os problemas têm causas. Sendo assim, podemos resolvê-los, e em definitivo.
Comunismo, portanto, é também ir à raiz das questões. Dom Hélder Câmara
exemplifica bem este princípio quando diz que quando dava comida aos pobres, o
chamavam de santo; mas quando perguntava pelas causas da pobreza, aí logo o
taxavam de comunista. Baldes são emergenciais para aparar goteiras em noites de
tempestade, mas, se a estrutura da casa está comprometida como um todo, ela
terá que ser demolida e reconstruída desde o alicerce, caso a intenção seja
mesmo resolver o problema.
Seja através do estudo da história das sociedades
e/ou por sentir na pele as mazelas provocadas pelo sistema, comunista também
é aquele ou aquela que aprendeu que as mudanças reais que tanto a humanidade
necessita virão de baixo, da luta e organização do povo explorado e oprimido.
Em outras palavras, que “a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios
trabalhadores”, ou, se preferir, quando se “derrubar do trono os poderosos e se
exaltar os humildes”.
Destarte, se você possui essas
características, se vive conforme esses princípios, cuidado! Mais cedo ou mais
tarde vão lhe rotular de comunista, e o que é melhor: com uma grande
probabilidade de sê-lo.
Vamos
debater um pouco?
- Como sentimos e percebemos o
capitalismo em nossas vidas?
- O que temos
feito para não sermos vencidos/as pela indiferença?
- É importante
irmos à raiz dos problemas? Por quê?
- A família
camponesa alimenta o mundo e, em muitos casos, dorme com fome. O trabalhador da
construção civil constrói mansões, prédios fabulosos, mas muitas vezes mora em
barraco alugado. Por que isso acontece?
- O que
entendíamos por comunismo antes desta leitura? E o que entendemos agora?