quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

QUILOMBO DO CUMBE CELEBRA VII FESTA DO MANGUE


                                                                    

                                       Tiago Pereira – Equipe de Comunicação da OPA.

 

De 02 à 04 de dezembro, a comunidade quilombola do Cumbe, localizada na cidade de Aracati-CE, realizou sua VIII Festa do Mangue, com o tema Manguezal: Berçário da Vida Marinha e do Bem-Viver (Biointeração) dos Povos das Águas. O evento, marcado com trocas de experiências, saberes e sabores, já é uma festa tradicional da comunidade.

Através da Associação Quilombola do Cumbe, do Ponto de Cultura Chama Maré e de inúmeras parcerias, a atividade contou com a participação de mais de 400 pessoas vindas do Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte e Ceará.

Os objetivos principais são ocupar o território, dar visibilidade à luta e ao ecossistema manguezal e dunas, como também fortalecer a identidade quilombola pesqueira. Para Cleomar Ribeiro, quilombola, pescadora e atual presidenta da Associação, “essas práticas são nossas, vindas de nossos pais, avós e de nossos ancestrais. É um momento de celebrar, em que as pessoas convidadas convivem com as famílias. É costume nosso receber um amigo ou parente, levar para pescar e o que pegamos, como búzio, ostra e caranguejo, é comido lá mesmo. Como chamamos aqui: o comer no mato”.

Todos que fazem parte da Associação contribuem para este momento, como é o caso de Natiel Bernardo, do coletivo LGBT. Para ele, a festa “traz a proximidade com os jovens e aumenta seus interesses pelas causas da comunidade. Assim, assumem responsabilidades futuramente.”

A atividade ocorre na semana em que a comunidade celebra o Dia do Quilombo, data da certificação conferida pela Fundação Palmares. Reconhecimento este anulado recentemente de forma criminosa por representante do poder judiciário.

Na programação tem passeio nas dunas, oficinas de mariscagem e pesca, apresentações de grupos culturais e muita vivência no mangue, como captura de caranguejo, cata do sururu, búzio e ostras.

Camila, professora da Universidade Estadual do Ceará, define o evento “como um momento de resistência, de organização e reorganização da luta.”

            A festa se encerrou com um torneio de “pega de caranguejo” e uma grande caranguejada.